Com base nas traduções de poesia que temos visto nas últimas aulas pensei que talvez fosse interessante partilhar uma tradução que fiz durante a minha licenciatura: Pierre: A Cautionary Tale in Five Chapters and a Prologue. Pierre é um conto para crianças escrito por Maurice Sendak, podem ouvir o original aqui. A tradução que apresentei na altura foi a seguinte:
Prólogo
Era uma vez um rapaz
Chamado Tomás
Que dizia apenas
“Tanto me faz!”
Lê a sua história,
Meu amigo,
E descobrirás
Que, no seu fim,
Uma boa moral
Encontrarás.
Capítulo 1
Um dia
A sua mãe disse,
Quando Tomás
Saiu da cama,
“Bom dia,
Querido rapaz,
És o único
Que me apraz.”
Tomás disse,
“Tanto me faz!”
“O que queres
Tu comer?”
“Tanto me faz!”
“Podes ter tudo
O que te apetecer.”
“Tanto me faz!”
“Não te sentes
Para trás.”
“Tanto me faz!”
“Não deites xarope
No cabelo, Tomás!”
“Tanto me faz!”
“Estás a portar-te
Como um louco.”
“Tanto me faz!”
“Temos que sair
Daqui a pouco.”
“Tanto me faz!”
“Não queres vir,
Meu amor?”
“Tanto me faz!”
“Preferes ficar
Enrolado no cobertor?”
“Tanto me faz!”
Então a sua mãe
Deixou-o além.
Capítulo 2
O seu pai disse-lhe,
“Tira a cabeça
Dessa cadeira
Ou penduro-te
Na chapeleira.”
Tomás disse,
“Tanto me faz!”
“Pensava que
Conseguias ver…”
“Tanto me faz!”
“Que tens a cabeça
Onde os pés devias ter!”
“Tanto me faz!”
“Se continuas
Virado ao contrário..”
“Tanto me faz!”
“Não recebes prendas
No teu aniversário.”
“Tanto me faz!”
“Quem me dera
Que pudesses entender.”
“Tanto me faz!”
“Não gosto nada
De me aborrecer.”
“Tanto me faz!”
Então os seus pais
Deixaram-no ficar.
E não o levaram
A brincar.
Capítulo 3
Agora, enquanto
A noite vinha,
Um leão esfomeado
Apareceu na cozinha.
E perguntou a Tomás,
Sem o conhecer,
Se gostaria de morrer.
Tomás disse-lhe,
“Tanto me faz!”
“Não vês que te
Posso comer?”
“Tanto me faz!”
“E que dentro de mim
Te irás contorcer?”
“Tanto me faz!”
“E nunca mais
Terás que te preocupar…”
“Tanto me faz!”
“Com um pai ou uma mãe
Para te chatear.”
“Tanto me faz!”
“É só isso que
Tens a dizer?”
“Tanto me faz!”
“Então, se não te importas,
Vou-te comer.”
“Tanto me faz!”
E então o leão
Comeu Tomás.
Capítulo 4
Ao chegar a casa
Ao fim da tarde,
Os seus pais foram tomados
Por uma grande ansiedade!
Encontraram o leão
Doente na cama,
Que chorava e gritava
Que Tomás morto estava.
Puxaram o leão
Pelo cabelo
E com uma cadeira
Bateram-lhe no pelo.
A sua mãe perguntou,
“Onde está Tomás?”
O leão respondeu,
“Tanto me faz!”
O seu pai disse,
“Dentro dele está Tomás!”
Capítulo 5
Levaram para a cidade
O malvado leão.
E o médico deu-lhe
Um grande abanão.
E quando o leão abriu
A sua enorme boca,
Tomás no chão caiu.
Esfregou os olhos
E a sua cabeça coçou
E riu-se
Porque desta se safou.
A sua mãe chorou,
E abraçou-o bem perto.
O seu pai perguntou,
“Estás bem, certo?”
Tomás disse, “Estou bem, tenho que admitir,
Levem-me para casa,
Está na hora de dormir.”
O leão disse,
“Se te satisfaz
Sobe as minhas costas
E senta-te, rapaz.”
Olharam todos
Para Tomás
Que gritou,
“Sim, satisfaz!”
O leão levou-os até casa,
Tão animado,
E ficou com eles
Como convidado.
Hoje talvez fizesse a tradução de forma diferente mas, tal como a poesia, contos infantis podem apresentar muitas dificuldades ao tentar manter a rima e o sentido. Caso queiram, e tenham algum tempo, achei que este pudesse ser um bom ponto de partida para treinarem também as vossas revisões e traduções.
- Ana Lopes
Ainda só consegui traduzir parte do audio mas o que tenho é assim:
ResponderEliminarPrólogo
Era uma vez um rapaz
Chamado Olivier
Que apenas dizia
“Não quero saber!”
Lê esta história, meu amigo
E irás descobrir
Que uma lição
Irá surgir
Capitulo 1
Um dia, a mãe disse
Quando ele se levantou
“Bom dia, meu querido menino
Tu és o meu único regozijo!”
Olivier murmurou,
“Não quero saber…”
“O que gostarias
De comer?”
“Não quero saber!”
“Que tal um delicioso creme de trigo
Para a tua fome conter?”
“Não quero saber!”
“Não te sentes de costas, Olivier”
“Não quero saber!”
“Nem metas calda no teu cabelo, Olivier!”
“Não quero saber!”
“Estás a portar-te tão mal!”
“Não quero saber!”
“Temos de ir à vila local.”
“Não quero saber!”
“Não queres vir, meu querido?”
“Não quero saber!”
“Preferes ficar no nosso abrigo?”
“Não quero saber!”
Então a mãe a sua vontade deixou ter.
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Manter as rimas é deveras complicado de forma a não soar ou "forçado", ou a fugir da essência do original.
Esse é sempre o dilema: traduzir som ou conteúdo? «Vila local» soa estranho. Por vezes, a solução é alterar a primeira rima - ou esquecer e apostar tudo na seguinte. :)
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