Somos um conjunto de portugueses
profundamente preocupados com o futuro do nosso país. Os tempos merecem de
todos uma resposta célere e à altura dos acontecimentos.
Vossas Excelências e o Governo
têm sido o garante da implementação de todas as medidas de contenção e
prevenção necessárias. Os subscritores reconhecem que o papel de cada um foi
fundamental para que hoje possamos dizer que Portugal se antecipou a um tsunami
devastador, à semelhança do que está a acontecer em Espanha.
Congratulamo-nos pela rápida e
eficaz implementação do plano de emergência nacional, que está a atingir os
resultados esperados, de abrandamento da curva de propagação da epidemia e manutenção
da capacidade instalada do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Não podemos, no entanto, deixar de
notar que Portugal ainda não ganhou esta primeira batalha. Partindo do pressuposto
que nenhum país estaria preparado para os efeitos de uma pandemia de tamanha
proporção, não podemos, no entanto, deixar de vos dirigir estas palavras.
Saudamos a atitude do Governo
português nas medidas possíveis de contenção. Do encerramento das escolas, bem
como na luta que desenvolve todos os dias para dotar o SNS com mais
ventiladores e outros equipamentos essenciais para a preservação de mais vidas.
Conforme o alerta da Ordem dos
Médicos, temos hoje a consciência clara de que milhares de utentes evitam o
SNS, por receio de potencial contágio. Este facto leva a que patologias mais
frequentes e igualmente fatais estejam a ser diagnosticadas tardiamente,
aumentando assim a morbilidade e mortalidade.
Apesar de todas as limitações, o
nosso SNS tem vindo a ser capaz de estar à altura dos acontecimentos, e é por
isso devido um agradecimento e um profundo reconhecimento a todos os
profissionais de saúde que combatem este vírus na linha da frente.
Recusamos o debate dualista entre
economia e saúde pública que em nada contribui para a tranquilidade da
população. Preocupa-nos a sobrevivência de um modelo de sociedade que tanto
custou a conquistar e que depende, em grande parte, da igualdade de oportunidades
e do bem comum das nossas comunidades.
Sabemos que, havendo garantias de
saúde pública, em consonância com o parecer dos técnicos especialistas, o
estado de emergência venha a ser levantado gradualmente com a mitigação da
epidemia. Esta medida liberta a economia e permite que a atividade volte à
normalidade possível dentro da realidade que vivemos, o que é fundamental no
contexto económico que enfrentamos.
Acreditamos que este processo irá
restabelecer a confiança e o regresso à normal atividade do SNS para outras
patologias que não o COVID-19 e, também, que rapidamente a economia começará a
dar sinais de robustecimento e vitalidade crescente. A abordagem de redução
gradual do confinamento exigirá, contudo, a implementação de medidas de
contenção adicionais de forma a prevenir novos surtos. Estas medidas deverão
ser desenhadas e apresentadas a todos os portugueses desde já, como plano de
salvaguarda, e garante de que estaremos preparados para o risco de um eventual
novo surto.
- Ana Lopes
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