terça-feira, 14 de abril de 2020

Exercício #16 (páginas 1 & 2)


Somos um conjunto de portugueses profundamente preocupados com o futuro do nosso país. Os tempos merecem de todos uma resposta célere e à altura dos acontecimentos.

Vossas Excelências e o Governo têm sido o garante da implementação de todas as medidas de contenção e prevenção necessárias. Os subscritores reconhecem que o papel de cada um foi fundamental para que hoje possamos dizer que Portugal se antecipou a um tsunami devastador, à semelhança do que está a acontecer em Espanha.

Congratulamo-nos pela rápida e eficaz implementação do plano de emergência nacional, que está a atingir os resultados esperados, de abrandamento da curva de propagação da epidemia e manutenção da capacidade instalada do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Não podemos, no entanto, deixar de notar que Portugal ainda não ganhou esta primeira batalha. Partindo do pressuposto que nenhum país estaria preparado para os efeitos de uma pandemia de tamanha proporção, não podemos, no entanto, deixar de vos dirigir estas palavras.

Saudamos a atitude do Governo português nas medidas possíveis de contenção. Do encerramento das escolas, bem como na luta que desenvolve todos os dias para dotar o SNS com mais ventiladores e outros equipamentos essenciais para a preservação de mais vidas.

Conforme o alerta da Ordem dos Médicos, temos hoje a consciência clara de que milhares de utentes evitam o SNS, por receio de potencial contágio. Este facto leva a que patologias mais frequentes e igualmente fatais estejam a ser diagnosticadas tardiamente, aumentando assim a morbilidade e mortalidade.

Apesar de todas as limitações, o nosso SNS tem vindo a ser capaz de estar à altura dos acontecimentos, e é por isso devido um agradecimento e um profundo reconhecimento a todos os profissionais de saúde que combatem este vírus na linha da frente.

Recusamos o debate dualista entre economia e saúde pública que em nada contribui para a tranquilidade da população. Preocupa-nos a sobrevivência de um modelo de sociedade que tanto custou a conquistar e que depende, em grande parte, da igualdade de oportunidades e do bem comum das nossas comunidades.

Sabemos que, havendo garantias de saúde pública, em consonância com o parecer dos técnicos especialistas, o estado de emergência venha a ser levantado gradualmente com a mitigação da epidemia. Esta medida liberta a economia e permite que a atividade volte à normalidade possível dentro da realidade que vivemos, o que é fundamental no contexto económico que enfrentamos.
Acreditamos que este processo irá restabelecer a confiança e o regresso à normal atividade do SNS para outras patologias que não o COVID-19 e, também, que rapidamente a economia começará a dar sinais de robustecimento e vitalidade crescente. A abordagem de redução gradual do confinamento exigirá, contudo, a implementação de medidas de contenção adicionais de forma a prevenir novos surtos. Estas medidas deverão ser desenhadas e apresentadas a todos os portugueses desde já, como plano de salvaguarda, e garante de que estaremos preparados para o risco de um eventual novo surto.

- Ana Lopes

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