quarta-feira, 29 de abril de 2020

Uma resposta ao Exercício #17


Exercício #17
Como captar a atenção do leitor?

Um dia desses, um contato do Facebook me incluiu – sem autorização – em um grupo de marketing para autores. O grupo divulgava e punha em debate diversas estratégias de venda para autores. Como isso conflui bastante com o desafio proposto pelo professor, deixo, aqui, uma lista de prós e contras (ou prós e problemas) que consegui detectar passando uma tarde naquele grupo:

PRÓS:
Os autores que se interessam em vender seus livros (e os marketeiros desses autores, que não são editores, se apresentam como agentes literários) têm um monte de cartas na mão e não têm medo de usá-las todas. É um risco se o autor escreve mal, se faz uma literatura lugar-comum, algo nada original e nada que desperte uma identificação por parte do leitor; mas quando escreve bem, funciona – vai desde a atenção a uma boa capa (foram discutidos aspectos como as cores da capa e algo como “psicologia das cores”, que não percebi muito bem, mas se funciona, quem sou eu para questionar; questões como convidar desenhistas, ilustradores e designers conhecidos para vender bem o seu peixe desde a embalagem; títulos intrigantes, etc), passando por um bom cartão de visitas, que é o próprio escritor (propostas de remodelação de todos os seus perfis das redes sociais para algo mesmo bastante voltado para uma apresentação enquanto escritor do livro X; a atenção a não fazer nem comentar coisas muito belicosas nas redes sociais, mantendo uma atitude mais sóbria e contida - alguns propuseram, até mesmo, a criação de uma página do Face específica para o livro), por bons contatos no meio literário (as dicas, algumas vezes, incentivavam os autores a estabelecerem contatos e "amizades" construídas artificialmente, apenas com o intuito de vender o livro - só imaginei o autor rondando escritores, acompanhando suas postagens, fingindo estar genuinamente interessado - e metendo likes em tudo; esses contatos rondavam também os contatos de revistas, jornais e periódicos literários) e boas abordagens (abordar "possíveis leitores" com certa frequência para potencializar as vendas).

PROBLEMAS:
O problema maior nesse grupo foi: onde está a literatura? O que é dito do lado de dentro dos livros? Não acho que seja uma coisa de outro mundo passar por esse território do marketing (todo autor quer ser lido, nenhum autor quer um saldo de zero exemplares vendidos, ou ter o livro impresso com uma capa horrível, por exemplo), mas pouco ou nada foi falado a respeito de crítica literária, a respeito do que esses autores estão escrevendo hoje, e isso é importante. Me pergunto se é preciso tanto esforço assim (algum, sim, é preciso, mas tanto? Basicamente, querem que o autor seja um divulgador da própria obra 24h/dia) se um autor simplesmente escreva bem. Já me aconteceu de receber a mesma mensagem colada de um autor desesperado para vender o seu livro 3 vezes num só dia. Um outro detalhe que observei: autores querendo vender seus livros a pessoas que nunca leram nada deles. Não há amostras, não há pelo menos uma resenha de um escritor amigo que seja competente para apresentar o livro? Como é preciso angariar amigos escritores para conseguir ser visto? Não exista alguém que simplesmente se identifique com sua literatura e queira escrever algo sobre - por quê? Por que tanto protecionismo com o que escreve: será que é mesmo bom? Não sei, a coisa me pareceu um espetáculo armado. Acredito que existam maneiras mais honestas de ser lido e ir aprendendo com os deslizes se a coisa vai mal, ao invés de tanta abordagem inbox e tanta "forçação" de barra. A coisa já facilita demais se você não for um babão ou "o chato do livro de novo" - que, geralmente, é um desconhecido nosso, que surge de repente com esse assunto monotemático. O esforço é muito bonito e pode trazer bons frutos, mas quando começa a roçar o desespero, também pode afastar as pessoas e os leitores. Acho que é preciso se apresentar como escritor antes de apresentar um livro e não ter medo das amostras: angariar leitores antes da obra e prever a recepção já poupa bastante do esforço.

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