segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Julgar o livro pela capa - uma necessidade iminente




Sem dúvida que um livro é aclamado pelo seu conteúdo. Contudo, é essencial que saia das prateleiras em primeiro lugar. Somos seres superficiais que se regem por primeiras impressões e, como tal, a capa de um livro carrega este fardo de ter de suscitar interesse ao leitor ao ponto de este lhe querer pegar. Nos tempos de uma indústria constantemente inundada por autores e novidades incessantes, é essencial chamar a atenção do leitor. Desde modo, apresento-vos algumas capas que se destacaram pela sua criatividade.


1. "Word by Word: The Secret Life of Dictionaries" de Kory Stamper (Pantheon)


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A aparência simultaneamente trivial e rebuscada chama a atenção do consumidor através das suas semelhanças com a página de um dicionário, contudo, com uma cor mais chamativa. A fonte informal que relembra palavras escritas a giz no quadro remete-nos para a lembrança de algo familiar e que nos dá vontade de relembrar.

2. "Things We Didn't See Coming" de Steven Amsterdam (Sleepers Publishing Inc.)


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O título funde-se suavemente com a capa. Desperta a atenção do futuro leitor ao levar-nos a caminhar até ao livro para tentar entender qual o título completo. Missão cumprida e ideia genial, devido à perfeita correlação entre ambos os elementos.

3. "Kamasutra" de Vatsiaiana (Penguin Classics Deluxe Edition)

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Um dos livros mais comuns e com mais versões publicadas ganha nova vida através da sua capa que "brinca" com as formas e a perceção do leitor.

4. "Peter and the Wolf" de Sergei Prokofiev (Puffin Books)

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Outro exemplo, desta vez num livro infantil, de uma edição bem-sucedida através das diversas formas que ganham vida através dos espaços negativos.

5. "The Old Man and the Sea" de Ernest Hemingway

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Possivelmente a capa mais bem conseguida em todas as edições publicadas deste clássico. O que parece ser, à primeira vista, uma onda, dá vida à forma de um peixe, remetendo para a história e todo o conteúdo desta obra.

6. "Bartleby, o Escrivão -  Uma História de Wall Street" de Herman Melville (Ubu Editora)

  Bartleby, o escrivão, Herman Melville. Fonte: <editora.cosacnaify.com.br>.  

Neste caso, inverteram a costura do miolo. Em primeiro lugar, é necessário descoser a capa. De seguida, aparecem páginas "pintadas" e o leitor tem de proceder à abertura das folhas através do corte com o auxílio do objeto presente na terceira foto. Uma espécie de presente trabalhoso, portanto. Contudo, é certamente original.

Márcia Filipa

domingo, 29 de setembro de 2019

Letra Livre - uma livraria de Lisboa

Lembrem-se: este blog só tem graça se vocês contribuírem. A ideia é fazer aquilo que os livros e as livrarias e os jornais e as revistas fazem: partilhar generosamente informação, até com aqueles que a poderão um dia usar contra nós. (Tipo, sei lá, um aluno ou colega que nos passa a perna e cujo sucesso diminui o nosso num futuro próximo. A possibilidade não é boa mas a alternativa - fazermos caixinha, guardar o ouro só para nós, tipo Gollum, ainda é pior.)

Aqui, um texto já antigo do jornal i (ionline.pt) onde ao longo destes anos tem perorado um peculiar jornalista, crítico e poeta: Diogo Vaz Pinto.


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quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Sumários

Aula 2 (26/9)
1. O que é editar? 
1.1. Contributos dos alunos em torno do tema. 
1.2. Uma publicidade criativa. Esta. 
2. Aula participativa vs. aula expositiva: prós e contras. (A aula expositiva é, pelo menos aparentemente, mais 'eficiente'. 
3. Chip Kidd: Design de livros (Ted Talk). 
4. Moral do bêbado e do táxi. Ou: boas decisões podem dar errado, más decisões podem dar certo.  




Editar é...

...tornar as ideias do autor mais acessíveis ao leitor.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

1. Lê em papel ou num sistema tipo Kindle?
Em papel.

2. Indique dez livrarias - e qual a sua favorita e porquê.
Brasil – Travessa, Argumento, Timbre, Prefácio, Blooks, Leonardo Da Vinci, Leitura e Da Villa.
Portugal – Gatafunho e Bertrand (preciso rapidamente conhecer muitas outras!!! Adoraria um tour por algumas delas. Aceito sugestões: as menores, as mais agitadas, as independentes, as mais antigas, sebos etc etc etc)

Como leitora, a Travessa é minha preferida. Sempre que preciso de uma sugestão, os livreiros mostram conhecimento sobre o assunto. São profissionais capacitados. Isso me atrai bastante. Porém, para editoras independentes, o catálogo exposto ainda é muito restrito. Uma curiosidade sobre a Travessa. Todas elas possuem um mezanino destinado ao café. Soube que a de Lisboa não possui esse espaço. Um amigo sugeriu que eu a visitasse quando o café fosse instalado rsrs. De fato, livro com café faz diferença para muitos. Não sei se esperarei por essa minha outra paixão para conhecer esse espaço.

Como editora, a Livraria da Villa é minha preferida. Há livreiros igualmente qualificados como na Travessa. Porém, há uma logística administrativa superior a qualquer livraria do Brasil. Isso para toda editora faz diferença. 

A Travessa fica no Rio de Janeiro e a Villa em São Paulo. Só agora em 2019 que a Travessa expandiu mercado para São Paulo, abrindo duas lojas: uma em Pinheiros (um bairro mega badalado), outra em Ribeirão Preto (uma cidade tão badalada quanto o bairro de Pinheiros). Espero que a Villa possa ocupar algum espaço no Rio de Janeiro também (se fosse na periferia seria melhor ainda. Pouco provável!)

3. Visite duas livrarias e veja com olhos profissionais: como está arrumada a loja?
Fui à Ler Devagar da LX Factory. Maravilhosa! O espaço para bate-papo ou lançamento chamou minha atenção. Procurei pelos títulos brasileiros e encontrei apenas poucos autores, especialmente os que fazem parte do nosso cânone. Pelo local onde ela se encontra, achei o movimento em pleno domingo muito baixo. Poucas pessoas circulando e comprando livros.

Conheci a Gatafunho, em Oeiras. Eles também são editores de obras infantis. Nos finais de semana há contação de histórias para a criançada. Possuem um espaço agradável, lúdico e pequeno. Não há muitos títulos, mas percebe-se a valorização da leitura como base. Acredito que o público seja pontual. É de fato uma livraria de nicho.
Editar é esculpir.

Forum Fantástico

O Forum Fantástico é o tal encontro anual de fãs da ficção científica e suas variantes. Lá conheci um subgénero que desconhecia: o steampunk. Nos anos 80 tinha surgido o cyberpunk, como sabemos.
No Facebook, de forma nem sempre clara, está a informação.
Registem nomes, porque eles dão carne e corpo à teoria. João Morales é um promotor cultural, geralmente convidado para organizar debates, festivais e moderar sessões. (O player mais forte em Portugal é a empresa Booktailors - fica a informação.) Luís Filipe Silva e João Barreiros são autores, críticos e dinamizadores importantes.
É um nicho pequeno, com pouca capacidade de expansão (e é pena) mas muito dinâmico.
O ano passado foi lançado O Resto é Paisagem, uma antologia de contos onde a «FC encontra mundo rural» com organização do Luís Filipe Silva que, muito jovem, nos anos 90, ganhou o maior prémio português para a FC, o prémio Caminho, entretanto extinto.

Editar é mais que uma técnica. É olhar para os livros com outros olhos.
É ser, por vezes, o mau da fita.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Exercícios - propostas

1. Lê em papel ou num sistema tipo Kindle?
2. Indique dez livrarias - e qual a sua favorita e porquê.
3. Visite duas livrarias e veja com olhos profissionais: como está arrumada a loja?
4. Faça o relatório de um lançamento. Esta é a época alta. 
5. Apresente e analise três capas.
6. Conceba uma contracapa - se quiser faça também o design da capa.
7. Faça um verbete (15-30 linhas aprox.) para duas entradas do programa. 

Programa

O. Questões preliminares
0.1. O que é editar?
0.2. Um mundo em mudança
0.3 Economia ou cultura?

1. Um livro é um livro?
1.1. A perspectiva do autor
1.2. A perspectiva do editor
1.3. Outras: livreiro, distribuidor, Estado, media, leitor

2. A natureza da edição
2.1. Livro, jornal, revista – o que edissão
2.2. Coerência interna – a regra do jogo
2.3. Uma actividade comercial ou cultural? 

3. A casa
3.1. Pequeno grande editor
3.2. Marcar a diferença, conhecer o mercado
3.3. Tradutor, revisor, designer, paginador, marqueteiro
3.4 Ciência, arte, lotaria – racionalidade e irracionalidade

4. O jogo dos papéis
4.1. O editing – prós e contras
4.2. A edição crítica
4.3. Do filho de Eça de Queirós a Gordon Lish

5. O Caso da Ameaça Eletrônica
5.1. Do Bubble Gum ao Bubble Blog
5.2. Novos suportes, velhos importes
5.3. Um romance é igual à Enciclopédia Britânica?
5.4. Admirável mundo novo: ibuques, dibuques, amazonas

6. Da edição amadora à edição profissional
6.1. Autor morto, autor posto
 6.2. O contrato do desenhador
6.3. Onde pára o livro?
6.4. Os novos marcadores: grandes grupos, escuteiros, marqueteiros

7. Os parceiros do livro
7.1. Livrarias, alfarrabistas, hipermercados
7.2. A feira permanente
7.3. Prémios literários, importações, exportações
7.4. O Estado, programas de apoio
7.5. Os órgãos de comunicação
7.6. A morte do artista

8. Estudos de caso 
8.1. Companhia das Letras: sete pecados capitais
8.2. O editor de actas
8.3. [A preencher quando soubermos o quê]
8.4. A Booktailors - Consultores Editoriais

9. O futuro do livro
9.1. Do livro electrónico
9.2. Do livro em papel
9.3. Os papéis do livro
9.4. Nada Tudo está por inventar

10. O que quero ler/editar?
10.1. Artesanato ou indústria?
10.2. Arte ou ciência?
10.3. Sonho lindo ou realidade deprimente?
10.4. Publicando the Great American Novel
10.5. O feiticeiro de Oz

Bibliografia geral
 ● BACELLAR, Laura, Escreva seu livro – Guia prático de edição e publicação, S. Paulo, Mercuryo, 2001
● BAILEY, Herbert S., The Art & Science of Book Publishing, Athens, Ohio U.P., 1990
● BARZUN, Jacques, On Writing, Editing, and Publishing, Chicago, CUP, 1986
● BLASSELLE, Bruno, Histoire du Livre, Paris, Gallimard, 1998
● CALVINO, Italo, Se numa Noite de Inverno um Viajante, Lisboa, Teorema, 2000
● DUCHESNE, A., LEGUAY, Th., Petite Fabrique de Littérature, Paris, Magnard, 1984
● ECO, Umberto, O Pêndulo de Foucault, Lisboa, Difel, 1998
● EPSTEIN, Jason ((2002), Book Business - Publishing Past, Present and Future, Nova Iorque: Norton
● ESCARPIT, Robert, Sociologie de la Littérature, Paris, P.U.F., 1986 [1958]
● COSTA, Sara Figueiredo, Fernando Guedes - O decano dos Editores Portugueses, Lisboa, Booktailors, 2012
● COSTA, Sara Figueiredo, Carlos da Veiga Ferreira - Os Editores não se abatem, Lisboa, Booktailors, 2013
● FURTADO, José Afonso, Os Livros e as Leituras. Novas Ecologias da Informação, Lisboa, Livros e Leituras, 2000 
● FURTADO, José Afonso, A Edição de Livros e a Gestão Estratégica, Lisboa, Booktailors, 2009
● GROSS, Gerald (org.), Editors on Editing – An Inside View of What Editors Really Do, Nova Iorque, Harper & Row, 1985 [1962]
● GUTHRIE, Richard, Publishing - Principles & Practice, Londres, Sage, 2011
● JACKSON, Kevin, Invisible Forms, Nova Iorque, St. Martin’s Press, 2000
● LUCAS, Thierry, Le Guide de l’Auteur et du Petit Editeur, Lyon, AGEC-Juris, 1999
● MORFUACE, Pauline, Les comités de lecture, Ecrire et Éditer 3, Vitry, Publ. Du Calcre, Março 1998
● SAAL, Rollene, (The New York Public Library) Guide to Reading Groups, Nova Iorque, Crown Publ., 1995
●SCHIFFRIN, André, O Negócio dos Livros, Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2006

● Outras fontes a consultar: APEL, UEP, revistas literárias, blogs sobre edição e livros na Internet Tedi09.blogspot.com, Blogtailors…

Como funciona este blog?

Da forma mais simples: é como um caderno de viagem. O que pomos num caderno assim? Tudo, até folhas secas ou bilhetes para um concerto que adorámos. Coisas para não esquecermos, lembretes, pequenas observações, recortes de notícias que achámos interessantes.

Neste caso, o caderno tem duas faces: 1) é nosso, não individual (embora cada entrada seja assinada), b) sendo da cadeira, é de assuntos relativos a ela.

S.f.f., colabore. Faz parte do seu trabalho.

aqui fica (no 'aqui', é prático, basta clicar lá) desde já uma ligação interessante. E fica a pergunta: será mesmo?

Por fala nisso:

Sabe de onde vem a palavra blog?


Aula 2 - visita de estudo: um lançamento

 Obrigado por terem vindo ao lançamento com entusiasmo. Terão reparado que havia uma sala em baixo, depois fiquei lá a conversar com um par ...