Os livros serão sempre parte integrante de um
lar, quer para servir o seu verdadeiro propósito, quer para acender a fogueira
e aquecer os seus ocupantes. Todavia, creio que os amantes literários,
nomeadamente dos livros em papel, nunca entrarão em extinção, embora os livros digitais
continuem a ganhar um relevo substancial nos próximos anos e, possivelmente,
séculos.
Os livros, como qualquer objeto, podem
desempenhar vários papéis. Podem ocupar as estantes num papel meramente
decorativo e ilusão de aparente erudição; podem desempenhar a sua verdadeira
função ao ser lidos e folheados; podem ser guardados ou revendidos; podem
literalmente ir parar à fogueira num dia em que haja pouca lenha ou falta de
jornal.
Ninguém sabe o que o futuro reserva ao livro,
no entanto, existem dois polos de opinião completamente discordantes e válidos:
o livro continuará a sua expansão descomedida ou transformar-se-á numa raridade
e possível objeto de coleção.
Se a produção literária continuar a um ritmo
alucinante, será cada vez mais difícil ver o livro como uma peça de arte em
detrimento de um produto facilmente consumível e com uma enorme variedade
disponível, tão básico e comum como uma peça de roupa da Bershka e, como todos
sabem, uma peça de roupa da Bershka não traz prestígio a ninguém — no máximo,
acontece o oposto.
Se os leitores optarem cada vez mais pela
leitura digital, o livro perderá o seu conceito original e as peças físicas
tornar-se-ão raridades e objetos de prestígio, uma vez que ter um livro em casa
poderá ser algo obsoleto e, em simultâneo, magnífico, como uma peça de arte
perdida num museu. Em ambos os casos, a sua integridade está
salvaguardada e a sua permanência nas nossas casas também — quer como objeto
descartável, quer como objeto de prestígio.
Márcia Filipa
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