quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Contracapa

Para o exercício da contracapa, optei por refazer a do livro "Gente famosa também dá pontapés na gramática", cuja capa e contracapa originais apresento abaixo:



Esta é a minha proposta de texto para a contracapa:

“Como é que se pode legislar alguma coisa que não está cientificamente provado?” - Locutor de rádio.

 “Tive um precalço” – Tradutor.

“Trata-se da primeira final que nós estamos envolvidos…” – Futebolista.

O que é que futebolistas, locutores de rádio, apresentadores de televisão e políticos têm em comum? Além de serem figuras públicas, de conhecermos os seus nomes – e, nalguns casos, as suas vidas – e de os vermos com frequência na televisão, todos dão pontapés na gramática. Partindo dos cartões vermelhos e amarelos ou simplesmente dos pontapés de canto de múltiplos famosos, Lauro Portugal explora alguns dos erros de português mais comuns para explicar como seria a forma correta de escrever ou dizer essas frases. “Gente famosa também dá pontapés na gramática” é, por isso, uma forma diferente e divertida de aprender – e de lembrar que as figuras públicas também se enganam. 





Inês Rebelo

Capas, Contracapas e seus textos








Exercício: Contracapa






Trabalho de Vanda Pinto

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Exercícíos propostos: conceba uma contracapa

Capa e lombada
Contracapa
Capa em detalhe

Contracapa em detalhe
Abas internas da capa e da contracapa, respectivamente
Trabalho por Leonardo Lacerda.

O que é editar?

     É aproximar-se de uma obra com a intenção de não gostar dela. Diz o provérbio: o livro do satisfeito morreu na gaveta.
     O autor é o primeiro a ler e editar, com naturais limitações: é incapaz de distanciar-se até o ponto estranho à obra. Só que a escrita, enquanto produto, inexiste se não conversa com o outro.
     Entra o editor. 
     Perguntas. Como? Onde? Por quê? Quem? E o bom texto é o boxeador resiliente: qualifica-se não pela velocidade ou pelo impacto dos punhos, mas pela capacidade de sorrir honestamente após perder alguns dentes. 
     Se acontecer do juiz levantar a mão do pugilista frente ao público, talvez o bom editor seja um par de palmas na multidão. O autor? Nos casos históricos, funde-se ao campeão, podendo ofuscá-lo. Com mais frequência, é o perdedor espirituoso do outro lado do ringue.
     É fácil perceber indícios do fim: as respostas do autor chegam com tom de ponto final. Antes disso, a dupla busca a insatisfação, até ser impossível os dois não amarem a obra, cada um com os seus motivos. Até ser impossível o público, mesmo cético, ignorá-la.

     Leonardo Lacerda

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Feira gráfica - sábado e domingo

Sábado e domingo (estes, sim) visitem a Feira Gráfica, no Campo de Santa Clara. (O antigo mercado no meio da Feira da Ladra),

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Editing e Autoria

Os papéis de autor e editor baseiam-se numa parceria definida a priori entre os mesmos. Independentemente da hierarquia, a comunicação é essencial. 
Numa relação em que o autor escreve tendo em conta o propósito do editor, o escritor não é mais que uma mera ferramenta. Quando o autor procura um editor para melhor expor as suas intenções, sejam estas de clareza do ponto de vista da comunicação ou não, o editor passa a ser a ferramenta.  
O papel do editor será assegurar que essas intenções passem. Será servir de ponte entre o autor e o leitor, sem que o texto perca as características e a voz de quem o concebeu. Para tal, é fundamental existir diálogo durante todo o processo.
É importante que, da parte do autor, existia abertura à crítica, uma vez que será feita com o intuito de trazer o melhor da escrita. No entanto, o poder de decisão será sempre seu, considerando sempre se a edição vai, ou não, de encontro com o que pretende.
Do editor, é esperado que saiba a melhor forma de transmitir as razões da edição quando estas não são claras.
A autoria acaba por ser tanto do escritor como do editor. O texto é um trabalho de colaboração, ainda que um ou outro tenham mais peso sobre o mesmo.

O autor como editor e o editor como autor


Donald Barthelme descrevendo o próprio processo de edição.
   
Roger Angell expressando a sua visão sobre o assunto. Note-se que sua opinião passa pelo editor que também produz seu próprio material. Deixo aqui um questionamento: é possível ser um bom editor sem, antes, ser um bom autor?





Este artigo trata sobre o processo de revisão e edição que Donald Barthelme aplicava à própria escrita, apresentando também a relação do autor com o seu editor de mais de dez anos na revista The New Yorker, Roger Angell.

A primeira parte aborda o tempo do autor no exército e a influência que isso exerceu em sua escrita. É a partir da metade do artigo que se mergulha de fato nas histórias sobre edição e revisão.

Segue o link: https://academicworks.cuny.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1247&context=cc_etds_theses

A Morte do Autor


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Editar q.b.


Editar ou não editar? Muito, pouco ou nada? Para mim a resposta está algures no meio, num cruzamento entre o compromisso e o bom senso.

O nosso cérebro tem um superpoder peculiar que lhe permite descobrir à primeira os erros dos outros mas ignorar estoicamente os seus. Essa particularidade pode ser uma fraqueza quando escrevemos, mas é certamente uma força com que devemos jogar quando editamos. É bastante provável que o editor consiga detetar falhas na escrita e na narrativa pelas quais o autor já passou três vezes sem as identificar. Isso não deve ser desperdiçado, nem pelo editor nem pelo próprio autor.

Existe, porém, um momento em que se vai longe demais. Essa linha não será igual para todos os casos, mas, se o escritor deixa de reconhecer o seu próprio texto, então ela já foi definitivamente ultrapassada. Ao ler os artigos sobre Gordon Lish, o que mais me chocou foi descobrir que o editor alterava até os nomes das personagens de Raymond Carver. Aqui existe já uma imposição que não é aceitável e que demonstra um sentimento de posse sobre o texto – é uma maneira de se mostrar quem manda. É provavelmente a altura, se essa não tiver passado já, em que as alterações se tornam gratuitas.

Acima de tudo, para mim, as condições da edição devem estar previamente acordadas entre o editor e o autor. O autor deve poder confiar no editor no momento em que lhe passa o seu livro para as mãos. Humildade e bom senso – devem ser essas as especiarias que temperam a edição.


Inês Rebelo

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Fernando Ribeiro de Mello e a Afrodite

(a propósito de uma exposição já encerrada)




Morte do homem-cânone

Harold Bloom era uma autoridade por si só. Há, em todas as épocas, indivíduos assim, que sozinhos são uma instituição. E nem sempre para o bem.
Na Alemanha, o famoso crítico Marcel Reich-Ranicki, conhecido como «o papa da literatura alemã», apareceu em 1995 na capa da revista Der Spiegel a rasgar o mais recente romance de Gunther Grass.  


Em Portugal, ainda hoje os meios literários falam de João Gaspar Simões (1903-1987). Em tempos mais recentes, Jacinto do Prado Coelho (1920-1984) e também o filho Eduardo (1944-2007) 

sábado, 12 de outubro de 2019

Edição – o conceito por definir



Edição (n. f.): impressão e publicação de uma obra; (figurado) alteração e/ou combinação de diferentes elementos ou partes de um conjunto, de modo a alcançar determinado fim.

Este é o verbete da palavra “edição” presente no dicionário. Ao analisarmos o conceito primordial a partir de um panorama estritamente imparcial, é-nos possível corroborar esta definição? Será que “edição” se limita a envolver o processo de impressão e publicação de uma obra ou será que a publicação de uma obra requere edição por si só? Creio que ambas as ações se encontram plenamente interligadas e que não podem ser desassociadas ou desvinculadas uma da outra.
Todavia, se tudo se torna num problema de semântica e de interpretação, então como saber em que consiste o trabalho de um editor? Qual o limite de edição que este pode aplicar? Quando é que deixa de ser um trabalho de edição e passa a ser um trabalho de reescrita?
Lish é um exemplo repreensível ao nível máximo de como um editor pode (inter)ferir. Graças ao seu génio, feriu pouco, contudo, interferiu demasiado. A meu ver, Lish tornou-se um ghost writer ou até mesmo um coautor de Carver. Se Carver ficou reconhecido pelo “seu” estilo de escrita cru e bruto, nesse caso o mérito pertence a Lish. Desta forma, o que se tornou a identidade de Carver nada é mais do que a identidade de Lish com o seu nome.
Um livro é suposto pertencer a quem o escreveu, a quem o idealizou, a quem o concebeu. Vejamos isto numa associação possivelmente descabida, no entanto, aplicável. O autor dá luz à sua obra, como uma mulher dá luz à sua criança. A diferença persiste somente no autor precisar apenas de si mesmo e a mulher de um homem. Deste modo, a mulher dá à luz e a sua criança vive sempre com ela; adquire-lhe os hábitos e a fisionomia, segue a sua educação, idolatra a mãe. Todavia, por muito que a criança esteja só com a mãe, os traços do homem continuarão visíveis na sua forma física, metade do seu código genético continuará a provir dele. Ora, foi isto o que Lish e Craver fizeram juntos – trouxeram uma “criança” ao mundo. Embora a obra, na sua essência, pertencesse a Carver, Lish roubou a componente orgânica que o torna o autor por inteiro. Na verdade, aquela não é mais a sua obra. Pelo menos não somente sua. Agora também pertence a Lish.
Podemos argumentar sobre a decência ou falta desta em Lish, mas a verdade é que quem manda é o autor. Está tudo nas suas mãos. Todavia, a distinção que se faz entre os autores provém da sua ética, valores e moralidade. O que é mais importante para o autor? A fama ao perder a sua essência ou manter o seu caráter por inteiro e arriscar-se a ser mais um zé-ninguém? Como tudo na vida, esta dúvida é meramente uma questão de prioridades e, tal como acontece com qualquer questão colocada pela vida, a resposta muda de indivíduo para indivíduo.
Pessoalmente, como autora e como leitora, é-me impensável ver esta natureza contaminada. Um autor tem um vínculo espiritual e nutre sempre uma espécie de amor pela sua obra. Cada escritor tem um estilo próprio, desde a colocação da vírgula à forma como sente e faz sentir. Essa caraterística própria, individual e singular deve ser sempre preservada. Afinal, se o objetivo da edição for reformular o livro por inteiro, será que vale a pena publicar esse livro de todo? E, se a resposta for afirmativa, então o livro não deve ser visto como uma coautoria?
Creio que a resposta a este problema se resume ao conceito que cada indivíduo escolhe associar ao termo “edição” -  a simples impressão e publicação da obra ou toda a alteração/combinação de modo a alcançar um determinado fim? Se a escolha recair nesta última opção, então qual é o fim a alcançar – encher a barriga ou arriscar-se a petiscar?
Na minha opinião, a resposta certa está no que te fizer dormir melhor – a consciência tranquila ou o colchão de penas.

Resultado de imagem para clear conscience sleep
Márcia Filipa

Revista literária

Olá!
Deixo para vocês o link de um blog no qual participo como colabora (conselho editorial). Lá, postamos poemas e resenhas de literatura brasileira contemporânea, em sua maioria. É um espaço bacana.

http://mallarmargens.com

Obrigada!

Amanda

Carver e Lish: editing extreme (um dos muitos óbices da profissão)

Na próxima aula discutiremos os capítulos 4 e o 5. Começo também a aceitar propostas para apresentarem em aula as capas escolhidas, um relato de lançamento etc.

Como já devem ter reparado, procuro respostas simples (mas não simplistas) para questões editoriais. Qualquer regra que formulemos tem sempre uma abrangência limitada, mas acredito que formularmos decentemente uma questão é meio caminho andado. Se eu souber formular de forma clara e pertinente as minhas dúvidas, hesitações, ignorâncias, fico a saber um pouco mais.

E o mundo da edição está em permanente mudança. E tem inimigos, passo a elencar alguns:
a) o conformismo
b) a preguiça moral
c) o esvaziamento ao se aproximar demasiado (no modo de produção e distribuição) de outros produtos culturais-comerciais
d) a perda do seu tempo próprio a favor do tempo alheio (o livro é lento, seja em consumo, seja em produção, seja em manutenção no mercado comercial e cultural)
e) a submissão a regras alheias
f) a cultura pop, de massas e seus atributos (este ponto, pensando bem, é semelhante ao c)
g) ...

Voltando então ao editing, quando, como e porquê pode um editor inter/ferir um texto? Quais os direitos do autor? Quem manda? Como negoceiam as partes?


Uma entrevista com Gordon Lish.
Sobre Carver/Lish, ver um artigo aqui.
Outro, com exemplos (o que foi mostrado na aula) aqui:



quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Um breve olhar sobre capas brasileiras interessantes

Cinco capas de que gosto; por acaso (ou não), todas dessa lista são brasileiras. Não estão em ordem. 


1- Dresden, Frederick Taylor (Editora Record)



Acho que essa capa traduz com exatidão a desolação e a destruição da cidade durante a operação dos Aliados na Segunda-Guerra Mundial. O branco, os tons escuros, a perspectiva de não se ter horizontes depois do bombardeio, a tipologia neutra, jornalítica para um livro-reportagem: tudo isso foi traduzido nessa capa, que ficou em segundo lugar no Prêmio Jabuti de Literatura de 2012.


2 - Bowie (Editora BestSeller)


O melhor dessa capa não é exatamente a composição em si (embora seja bem gira), mas algo que não se pode ver com exatidão na imagem digital: a capa possui uma laminação tranlúcida, que muda de cor de acordo com a luz. Algo que remete, de forma criativa, à psicodelia dos anos 1960 que influenciou o artista. O título dividido também entre capa e lombada quebra os paradigmas das capas de biografia. São soluções originais para fugir do óbvio.

3 - Coleção Philip K. Dick (Editora Aleph)



Uma solução inteligente para um autor que é um clássico da ficção científica. Universos paralelos e sociedades distópicas ganham forma em ilusões de ótica, como se, ao olhar para a capa, o leitor já fosse transportado para outras realidades.

4 - Arquivos Serial killers - "Louco ou cruel" e "Made in Brazil" (Darkside Books)


Dois livros em uma mesma publicação; dois estudos sobre serial killers. A imagem do crânio evidencia quase a crueza do ser humano, tanto da vítima, que se reduz a ossos, quanto do assassino, desprovido de todo e qualquer sentimento ou caráter humano, um mero animal. Qualquer interferência tipográfica mataria a capa aqui. O vermelho é relegado à lombada e à contracapa, assim como o título e o nome da autora.
5 - Coleção Gabriel García Márquez (Editora Record)



Essas capas, para mim, contêm todo o colorido da América Latina e do realismo fantástico do autor. São conceituais, mas têm um ar até bastante jovial para um Prêmio Nobel de Literatura. Acho uma abordagem interessante, uma tentativa de se conquistar novos públicos, talvez.



Olga Tokarczuk e Peter Handke são os dois novos Nobel da Literatura

No Ípsilon.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Comércio livreiro em Portugal: estado da arte na segunda década do século XXI, 2014

Estudo encomendado pela APEL a investigadores do CIES-IUL em 2014: aqui

Olhar de editor (há algum olhar sobre ele?)

Olha de editor, de Serafim Ferreira, chamou minha atenção. Não apenas pelo título, mas por uma das  epígrafes do livro. Replico:

"No pequeno meio de pessoas ligadas ao livro, dos amantes do livro, fixava-se o nome de alguns destes editores. Mas eram poucas pessoas. O público em geral está-se cagando para quem é o editor, como é óbvio". Vitor Silva Tavares

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

A mudança no panorama jornalístico - eleições legislativas

Com o chegar das eleições legislativas, a edição ganha vida e diversas formas e formatos para apelar ao voto do cidadão. Jornais, cartazes, televisão... está em todo o lado. No jornal Público em formato digital, encontrei o artigo referido abaixo. Este artigo adota um estilo mais prático e contemporâneo, evoluindo com a inundação de informação diária, mas saltando à vista. Chega facilmente ao cidadão português, especialmente à maioria do público jovem que não procura ler as propostas dos partidos nem dispõe do mesmo interesse político que os mais velhos - quer seja por desinteresse ou falta de esperança na mudança. De qualquer forma, este artigo chamou-me à atenção pela forma como está compilado. Afasta-se do formato tipicamente jornalístico para se aproximar do formato típico das redes sociais em voga. Assim, as pessoas podem escolher alguns dos temas principais e informar-se com vídeos de poucos segundos dos diversos partidos, sem se perderem em palavras infinitas disfarçadas numa linguagem impercetível. Creio que é uma forma de chegar ao eleitor de forma acessível e descomplicada. 
A minha única crítica consiste na falta de participação de todos os partidos candidatos, contudo, creio que não seja uma questão de edição.
Em seguida, deixo-vos o link para aceder ao artigo mencionado:

https://www.publico.pt/legislativas-2019/nove-temas-seis-lideres?fbclid=IwAR1vkXAbL_qdmwmSyLIXktdNgliq6DRM4R27JFDWP69H3A0P72pVWq2PVSI

Márcia Filipa

É possível ler em português?


Todos estes livros, mesmo depois das despesas com direitos, tradução e importação "de volta" para Portugal, são mais baratos que as edições portuguesas dos mesmo livros ― no caso das versões francesas, o preço é metade.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Sobre responsabilidades e custos

 

Estes três livros são reedições. O primeiro custa cerca de 17€, os outros dois 20€ preços, é seguro dizer, muito altos para o bolso português. Todos foram publicados no passado em versões paperback mais baratas ― em pelo menos um dos casos, a cerca de um quarto do preço da nova edição. Porquê fazer estas edições em capa dura? As edições em capa dura são necessariamente mais caras, e alguns desses livros chegam a custar o dobro das versões em capa mole. Mas, como se pode ler aqui, a diferença nos preços não está tanto nos custos materiais quanto no estatuto que a capa dura atribui ao livro, no que toca a durabilidade, dimensão, autoridade ― como que uma consagração do texto. Atualmente, diz-se aqui, a capa dura serve como, mais que a constituição de algo como uma aura do grande livro, uma estratégia comercial para colocar preços mais altos nos livros recém-publicados, obrigando os leitores a escolher entre esperar cerca de um ano para ler o livro em paperback e pagar mais para o ler logo que sai. (O último livro de Lobo Antunes faz uma exceção curiosa, com o hardback a 24€ e o paperback a 21€.) 
Não é o caso destes livros. De um lado, temos um jovem escritor que se vê barrado do público português, porque aquilo que poderia ser um ponto de viragem na sua carreira se materializa em 17€ de mais-capa-que-texto.



Do outro lado, temos duas peças de museu, as fotografias de duas das (na minha opinião) mais belas capas por trás das quais a ficção portuguesa se encontrou, sobre fundo cinzento, em jeito de homenagem preguiçosa. Livros que não são para ler, mas sim para lembrar?

Os livros de capa dura fazem sentido num país com este nível de vida, tanto do ponto de vista do editor/gestor (lucro) como do ponto de vista do público (acessibilidade)? Quem compra estes livros? Para quem se publica? As editoras não têm a responsabilidade de fazer os livros chegar ao grande público (isto é, de fazer livros que as pessoas consigam pagar)? É possível falar ainda em responsabilidade das editoras?

André Schiffrin escreve:
“A ideia de que um livro deve ser barato de modo a chegar a um público o mais vasto possível foi substituída por decisões de contabilidade que só olham para os totais em caixa. (...) A nova regra veio ditar que agora o lucro por livro tem de ser o mais elevado possível.”

Trata-se, também nestes casos, de uma lógica de contabilizar os lucros por cada livro individual, em vez de olhar para o que provém da totalidade do catálogo, gerindo a editora num equilíbrio entre livros que se vendem a ritmos diferentes? Menos livros, mas mais caros ― é também assim em Portugal?

Editar é...

...tornar a literatura acesa e legível.


Aula 2 - visita de estudo: um lançamento

 Obrigado por terem vindo ao lançamento com entusiasmo. Terão reparado que havia uma sala em baixo, depois fiquei lá a conversar com um par ...