terça-feira, 31 de março de 2020

«Aula» de quarta 3 de Abril

Aqui vai a ligação para a reunião. Presumo que agora será mais fácil.


Rui Zink está convidando você para uma reunião Zoom agendada.

Tópico: Turma de Técnicas de Edição
Hora: 1 abr 2020 06:00 PM Lisboa
        Todo dia, até 7 abr 2020, 7 evento(s)
        1 abr 2020 06:00 PM
 
Entrar na reunião Zoom
https://videoconf-colibri.zoom.us/j/397806804

ID da reunião: 397 806 804

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Localizar seu número local: https://videoconf-colibri.zoom.us/u/ac0ypg9fd5

Ingresso pelo SIP
397806804@zoomcrc.com

Ingresso por H.323
162.255.37.11 (US West)
162.255.36.11 (US East)
221.122.88.195 (China)
115.114.131.7 (India Mumbai)
115.114.115.7 (India Hyderabad)
213.19.144.110 (EMEA)
103.122.166.55 (Australia)
209.9.211.110 (Hong Kong)
64.211.144.160 (Brazil)
69.174.57.160 (Canada)
207.226.132.110 (Japan)
ID da reunião: 397 806 804


Alguns de vós têm ligações mais fracas. Não é problema vosso - é nosso, da faculdade. Não podemos exigir aos alunos que tenham as melhores condições de trabalho numa situação destas.

Posso tirar dúvidas um a um. Por exemplo, o Cadafi Dias tem questões pertinentes sobre o ensino da língua - e o estímulo para literatura - num país onde a crise é um estado contínuo, como a Guiné.

Há perguntas pertinentes, nomeadamente:

  • Porquê ensinar poesia?
  • Como melhorar o gosto colectivo e individual pela leitura e ela escrita
  • Não haverá assuntos mais urgentes, num país onde faltam coisas mais «essenciais»? 
  • Porquê a educação, quando estamos em luta pela sobrevivência?
  • Como agir?
  • Como ensinar?
  • Como estimular a criação de círculos literários?

Etc. Terei todo o gosto em dizer de minha justiça - informado pela dupla experiência de três décadas de professor e agente cultural - e responder com a clareza possível a estas e outras questões.

Entretanto, estou também disponível para conversar individualmente pelo chat do gmail, por exemplo, a uma hora acordada.  A hora de atendimento, essa, começa já amanhã entre as 17h e as 18h.

Até amanhã. E fica desde já o aviso:


sábado, 28 de março de 2020

Ainda sobre quarentena 2

Entre 21 de março e 28 de abril, 40 escritores portugueses vão produzir um folhetim em posts diários, cada um escrevendo um capítulo por dia. É um pouco da ideia do "cadáver esquisito" dos surrealistas franceses, a qual o professor já mencionou em aula.

Caso queiram acompanhar, o link é https://www.facebook.com/bodeinspiratorio/

Ainda sobre quarentena 1

O governo brasileiro disponibiliza um grande acervo de obras em domínio público. Há livros em vários idiomas, de inúmeros autores, prosa, poesia, ficção e não ficção, enfim, de tudo. É só pesquisar, escolher e se divertir.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp

Vale lembrar que, em tempos de coronavírus, também é importante ajudar na sobrevivência de livrarias e editoras comprando livros. Resta-nos apostar nas entregas em domicílio e nos e-books e aguardar a avalanche de lançamentos sobre pandemias e afins. :)

Minha playlist da quarentena


Também vou deixar por aqui minhas indicações.



1 – A boa terra, Pearl S. Buck


Quando descobri este livro, ainda não sabia que Pearl Buck tinha sido Prêmio Nobel de Literatura. Quando soube, em nada me surpreendeu; minha intenção era apenas folheá-lo, mas acabei lendo-o em dois dias. A saga de um camponês e sua família acaba por ser um retrato da China pré-revolução Aliás, pelo visto gosto mesmo de livros que utilizam-se da história de seus personagens para traçar um panorama histórico, como também é o caso do próximo livro.




2 – Um rapaz adequado, Vikram Seth

Este virou um clássico contemporâneo: mais de 1300 páginas que contam a saga de uma mãe indiana em busca de um marido adequado para sua filha mais nova. Como pano de fundo, a Índia pós-independência, as questões com o Paquistão e a região da Cashemira, as forças políticas e culturais. Temas complexos narrados com bom humor e um estilo elegante, uma prosa poética capaz de dar muito trabalho aos tradutores.




3 – Sangue na neve, Jo Nesbo



Adoro thrillers, e esse é dos melhores. Uma das coisas mais legais do Jo Nesbo é que ele sempre é capaz de nos fazer simpatizar com os vilões. Aqui não é diferente. Olav é um matador de aluguel disléxico que ama literatura e ganha a vida fazendo pequenos serviços para o gangster número um de Oslo. O problema é que ele se apaixona por uma de suas futuras vítimas, a mulher do chefe. Um livro curto, leitura para uma tarde.




4 – Esaú e Jacó e Dom Casmurro, Machado de Assis



Machado continua a ser o mais escritor do Brasil, na minha opinião. A ironia, a forma como dialoga com o leitor o transforma sempre em um velho amigo sempre que o leio. Dom Casmurro é o clássico de que todos já ouviram falar. Bentinho conhece Capitu, casam-se e têm um filho, até que a morte do melhor amigo do casal, Escobar, faz com que Bentinho desconfie da fidelidade da esposa. Esaú e Jacó é menos conhecido mas igualmente maravilhoso: a clássica história dos gêmeos que são diferentes em tudo retrata a própria agitação política no Brasil pós-império. São o uso da língua portuguesa à perfeição.




5 – Número zero, Umberto Eco



O que eu mais gosto nesse livro é que ele é uma ficção “acessível” do Umberto Eco, não tem nada do hermetismo de Em nome da rosa, além de tratar de um assunto super atual: o uso do jornalismo como ferramenta de poder. É um dos mais recentes do autor, e sempre vale a leitura.




Menção honrosa: Rua da Padaria, Bruna Beber



Não sou lá muito chegada a poesia, mas essa série de poemas que retratam a infância no Rio de Janeiro nos anos 1980/1990 roubou meu coração, por motivos óbvios. 😊




sexta-feira, 27 de março de 2020

Enviei convites pelo sistema da escola, mas aqui estão


Entrar na reunião Zoom
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ID da reunião: 597 724 164

Ingresso pelo SIP
597724164@zoomcrc.com

Ingresso por H.323
162.255.37.11 (US West)
162.255.36.11 (US East)
221.122.88.195 (China)
115.114.131.7 (India Mumbai)
115.114.115.7 (India Hyderabad)
213.19.144.110 (EMEA)
103.122.166.55 (Australia)
209.9.211.110 (Hong Kong)
64.211.144.160 (Brazil)
69.174.57.160 (Canada)
207.226.132.110 (Japan)
ID da reunião: 597 724 164


Perguntas: receberam a informação via docens? Ou preferem por aqui?

Playlist de livros para a quarentena:

1) Fim da Fernanda Torres


Livro que amei ler, daqueles que duram um dia ou dois de tão fluida a leitura, sem falar que morri de rir. Apesar de engraçado fala sobre envelhecer e morrer, tema que muitas vezes queremos esquecer, de um jeito bem realista e cru. Vale a pena!

Livro em PDF

2) A hora da estrela da Clarice Lispector

A literatura clariceana sempre mexeu muito comigo. Digo que a ler é levar um soco no estômago.
Esse romance conta a história de uma alagoana que migra pro Rio de Janeiro, tendo sua rotina narrada por um escritor fictício. Esse é um clássico que eu acho imperdível.

Livro em PDF

3) Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios de Marçal Aquino.

Romance construído de maneira poética e profunda, zero clichê. Amo o Marçal Aquino. Recomendo, também, o filme baseado nesse livro, é lindo e triste.

Livro em PDF

4) Livro Sobre Nada de Manoel de Barros

Bem como avisa o título esse livro é uma exaltação das inutilidades em detrimento daquilo que comumente julgamos indispensável. Acho muito bonito. Costumo chorar lendo Manoel de Barros, me emociona.

Livro em PDF


Não consegui eleger mais nenhum livro que tivesse acesso online, mas fica aqui minhas indicações.
Se alguém ler algum deles deixa seu comentário, vou gostar de saber o que achou.

Se cuidem.

Luísa Moura.

Voo sobre a Nova




A verdade? Tenho o computador demasiado pesado e preciso de o libertar de documentos grandes.

Partilho convosco também uma carta circular aos accionistas (eu sou pequeno) e amigos da Livraria Ler Devagar que, como todos sabem, é considerada uma das mais belas do mundo. Portugal tem duas no top 10: a Ler Devagar, que reaproveita o espaço de uma antiga gráfica no espaço Lx Factory, e a famosérrima Lello na cidade do Porto.



quinta-feira, 26 de março de 2020

Exercício #12: A Biblioteca da Quarentena


Achei que em vez de vos dar uma série de recomendações de livros para lerem durante esta altura, quando todos temos gostos tão díspares, seria mais interessante, e mais fácil, sejamos honestos, partilhar aquela que é agora a minha mesa de cabeceira: a torre de livros que fui começando ao longo dos anos e nunca acabei. Há toda uma estante com livros ainda por ler, mas a minha torre já começava a tombar, por isso começo por estes. 

De cima para baixo temos:
  • Antony and Cleopatra de Shakespeare, este foi um daqueles livros que comprei só para poder dizer que tinha trazido alguma coisa da Shakespeare & Company em Paris. Nunca fui apreciadora de ler teatro, no entanto, sempre disse que gostava de ler todos os clássicos (livros e autores) por isso não há como fugir a este género;
  • The Pickwick Papers de Charles Dickens;
  • Assim Falou Zaratustra de Nietzsche, um livro que me foi imposto enquanto a must read pelo meu irmão mais velho durante a minha adolescência e que, numa tentativa de ser mais como o primogénito da família, comecei a ler aos 16 anos. A aproximar-me dos 25 ainda não o acabei, mas descobri entretanto que o meu irmão nunca o leu. A moral desta história é: não confiem nos mais velhos;
  • A Clash of Kings de George R. R. Martin, li o primeiro livro da série em três dias há seis anos, este comecei-o há três anos e estou há meses a 300 páginas do fim. Recomendação: saltem os capítulos no POV da Catelyn Stark. 
  • The Fellowship of the Ring de Tolkien, li este livro quando tinha 13 anos e, honestamente, detestei cada segundo. Há cerca de um mês li The Hobbit que despertou em mim todo um novo interesse pela escrita de Tolkien e decidi revisitar a trilogia de The Lord of the Rings;
  • The Silmarillion de Tolkien, comecei este livro há poucas semanas, para me ocupar o tempo  entre depois de ter acabado The Hobbit e esperar que o primeiro livro de LOTR chegasse, infelizmente não está a ter o mesmo efeito que o Hobbit teve, mas vou levar este com mais calma;
  • Histórias daqui e dali de Luís Sepúlveda;
  • Leaves of Grass de Walt Whitman, não fosse este também um clássico;
  • Todos os Nomes de José Saramago;
  • On Writing de Charles Bukowski;
  • Nenhum Olhar de José Luís Peixoto;
  • The Complete Fiction de H. P. Lovecraft.

Uma última recomendação num post que já vai longo: mantenham-se afastados de Morte em Veneza de Thomas Mann, reli-o recentemente e, nos últimos dias, penso constantemente no quão perto da nossa realidade está. Ainda que este não seja o tema central, talvez seja too soon para lerem sobre uma epidemia em Itália.


- Ana Lopes

quarta-feira, 25 de março de 2020

Nova reunião (facultativa) sexta 27, 18h

Hoje esteve uma boa parte da turma. Foi uma experiência. As minhas desculpas a quem não conseguiu estar presente, isto é novo para mim.

Sobre a reunião de sexta: 
Não é obrigatório vir a esta sessão, mas é recomendado participarem pelo menos na da próxima quarta.
Sobretudo tirar dúvidas e apalpar o estado do tempo. Por agora devemos poupar energias. A avaliação deixou de ser prioritária. Em contrapartida, a auto-avaliação é útil.

Balanço da de hoje: 
A Renata contou uma história interessante a que assistiu: as pessoas na fila para o supermercado não estavam olhando o telemóvel.
Observar é preciso, imaginar não é preciso.
Tentar resolver os problemas sem stress. Mas ir preparando jogadas futuras. Tudo é trabalho, nada é trabalho. Quem conseguir ganhar dinheiro fazendo o que gosta terá uma vida melhor.
E ficaram a conhecer a histórias dos processos em tribunal de Alberto João Jardim, presidente durante quase quatro décadas da região autónoma da Madeira.  Qualquer conflito entre as duas partes será resolvido no Tribunal do Funchal. 

Aqui um link para uma notícia sobre editores franceses dando livre acesso (temporário) a e-livros.

#ConfinementLecture : des éditeurs offrent des livres numériques et audio

Clara Vincent - 20.03.2020
imprimer

La société de diffusion spécialisée dans le livre numérique et le livre audio e-Dantès lance avec 14 éditeurs partenaires le site internet confinementlecture.com. Comme son nom l’indique, celui-ci offre à tous la possibilité de bénéficier des plaisirs de la lecture tout en respectant les consignes sanitaires de confinement généralisé, avec un catalogue en accès libre.

LINK DA REUNIÃO AULA

Pensava ter enviado ontem. Para o caso de não o ter feito, aqui está:

Rui Zink está convidando você para uma reunião Zoom agendada.

Tópico: Minha Reunião
Hora: 25 mar 2020 06:00 PM Lisboa

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Ingresso pelo SIP
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Ingresso por H.323
162.255.37.11 (US West)
162.255.36.11 (US East)
221.122.88.195 (China)
115.114.131.7 (India Mumbai)
115.114.115.7 (India Hyderabad)
213.19.144.110 (EMEA)
103.122.166.55 (Australia)
209.9.211.110 (Hong Kong)
64.211.144.160 (Brazil)
69.174.57.160 (Canada)
207.226.132.110 (Japan)
ID da reunião: 176 924 934

terça-feira, 24 de março de 2020

AMANHÃ, QUARTA 25, AULA ZOOM

Amanhã farei uma experiência com o Zoom, às 18h = 6 p.m.

Não é obrigatória, até porque se calhar vai ser um desastre técnico. É só uma experiência.

Entretanto, peço que não se isolem. Alunos estrangeiros sobretudo (China, Brasil e Guiné, salvo erro) digam se estão com problemas de algum tipo.   No que pudermos, faremos entreajuda.

Creio que no semestre anterior (Teoria) falei do modo endogâmico como funciona o pequeno mundo da edição. Endogamia = mundo fechado, as pessoas casam na tribo. Por vezes dá a impressão de ser quase uma máfia.

E um dos desportos favoritos dos editores é dizerem mal uns dos outros, e fazerem pequenas traições. Mas, em momentos difíceis, também são capazes de ajudar até um velho rival.

O meu filho mais velho estava no Japão: eu estava preocupado com o repatriamento, mas não com a falta de apoio: tenho bons amigos lá, e pus um alerta para o caso de o moço (25 anos) precisar de apoio. Eu sabia que podia contar com esse amigo, tal como ele pode comigo.

Todos conhecem a história de Daniel e o leão. Na minha versão favorita, ele reencontra o leão que ajudou num momento de dor e o leão poupa-lhe a vida. Numa versão de humor cruel, o leão reconhece-o mas decide não pagar a dívida. Um gesto de bondade tem de ser a paga em si. Barry Lyndon e o Scarface com o Al Pacino são prova de uma velha piada americana: «Se fizeres uma coisa boa, serás castigado por isso». Tradução: nem sempre um gesto de solidariedade é pago mais tarde, tampouco essa é a razão para agirmos decentemente. Fazemo-lo porque sim, que é a melhor razão de todas.

Mas as probabilidades de sermos bem tratados se retribuirmos é maior.

Boa continuação de trabalho.

segunda-feira, 23 de março de 2020

O estado de calma continua

Na semana passada, sobretudo no ensino secundário houve uma epidemia de voluntarismo no teletrabalho: e o resultado foi os alunos em casa levarem com um tsunami de trabalhos. Não será o nosso caso. Vamos com calma.



#Exercício 13: digam o que estão fazendo, como está indo o vosso ânimo e o vosso trabalho. 
Tiremos proveito da experiência, já que estamos condenados a ela. Alguém está tendo dificuldades particulares, sobretudo os colegas que estão longe das famílias e das redes tradicionais de apoio?  

A semana passada não estava com cabeça para o zoom, vou testar agora e depois digo. Já tiveram alguma aula com zoom? Como foi? 

E aqui fica o samba da quarentena. É bonito como cada país responde com o que tem - e a alegria que pode - a esta coisa que chateia a todos. 

sábado, 21 de março de 2020

Ganhar dinheiro, perder leitores?

Nos próximos tempos vai ser difícil ganhar dinheiro com a indústria do livro - sobretudo em papel, o digital tem aqui um novo impulso.

Em qualquer crise, há vencidos e vencedores. O livro em papel, que tem como vantagens precisamente o afecto, o contacto humano, a livraria como espaço convivial onde passamos olhos e dedos pelos livros, os folheamos, os viramos ao contrário, lhes consideramos o preço, os cheiramos até, é nesta crise um perdedor. Mas podemos pensar nisto como uma partida de futebol em duas mãos, daquelas nos torneio tipo liga dos campeões: quando estamos a perder, nem sempre tentar empatar é a melhor solução, por vezes mais vale reduzir os danos, perder por poucos, a fim de na segunda mão (quando jogarmos em casa, o que aqui não soa tão bem como habitualmente) tentarmos dar a volta ao resultado.

Neste momento, toda a gente perde dinheiro. Uns mais que os outros. Os que tinham uma agenda mais preenchida mais ainda. Um artigo no The Guardian dá conta de como na Inglaterra, país onde muitos autores ganham a vida indo de apresentação em apresentação, há perdas sérias para os autores:

Children’s author and illustrator James Mayhew, who writes the Ella Bella Ballerina books, said he has had 13 events cancelled this week alone, amounting to losses of around £6,000.
“It suddenly seems like all of my many possible sources of income are about to evaporate. I rent and am self-employed. I am the breadwinner in my home,” he said. “Am I about to see a 31-year career come to a halt? Of course, I look at the bigger picture – what the virus has done to Italy. It breaks my heart. Health before wealth, always.”
Nos Estados Unidos é mais brutal, sobretudo para os livreiros, dado que o eufemístico lay off é consideravelmente desregulado: a cadeia livreira Powell's Books despediu 400 trabalhadores, perdão, colaboradores
As editoras sem funcionários sofrem menos, naturalmente. 
Durante pelo menos três meses, é como se de repente a economia tivesse parado, como ontem explicou (muito bem, ou seja, num discurso muito bem editado) o primeiro-ministro. 
Entrementes, as editoras e os restantes profissionais do livro não estão parados. Não podendo vender, mantenha-se pelo menos a boa relação com os clientes, a função fática: manter a ligação. 
E, perdido por cem, perdido mil, como diz o provérbio, se estamos a perder dinheiro por que não oferecer mesmo? Foi o que fez a Flop aqui. Ou pôr autores e trabalhadores a falar de livros. É o caso desta campanha #lerdoceler da Porto Editora. 
Etc. 
E vocês, o que têm a acrescentar? 


Uma nota do ministério das secções de livros


sexta-feira, 20 de março de 2020

«Aula» de quarta - o sumário possível

1. Sobre a tradução
Os exercícios de tradução de rimas são tramados. Ser fiéis a quê, som ou sentido? Eu voto sempre por seguir esta lei: a língua de chegada é a mais importante. Por isso fiquei zangado com a Disney quando, numa arrogante decisão de direitos, passou a obrigar as crianças a dizerem 'Goofy' em vez de Pateta, por exemplo. Não há que ser draconiano nem aplicar regras estritas, mas o aportuguesamento da história parece-me fazer algum sentido.

Um bom tradutor consegue traduzir decentemente dentro de um prazo mutuamente acordado. Ao contrário do escritor, que tende a falhar prazos das encomendas, o tradutor que quer ter sucesso cumpre prazos.
Ora, o que fazer quando a tradução literária (a mais nobre) é a mais pobre em pagamento? Não há soluções mágicas, mas o tradutor tem de se proteger duplamente:

  • a) não trabalhar de borla e a certa altura passar cinco horas à volta de uma página para ganhar oito ou dez euros, o que tornará mais rentável ir limpar casas; 
  • b) não desligar logo o taxímetro mal chegue à hora que se comprometeu mentalmente a dedicar àquela página - trabalho algum intelectual seria terminado assim (corrigir testes, por exemplo) e, pior, se formos incompetentes muitas vezes perderemos ofertas e ganharemos má fama. 

A boa notícia é que com a prática e o gosto a coisa melhora. Além de que nem sempre o texto a traduzir é terrivelmente complicado. Eu sugiro - comigo funciona - ir alegremente e, quando houver um obstáculo, colocar a vermelho [acrescentando um par de hipóteses, se já as tenho] e e deixar para depois. Contudo, mesmo nas partes que achámos ter traduzido bem, mais de uma releitura é necessária.   

E cabe depois ao editor reler a tradução - e sentir, com o seu olfacto de princesa ervilheira, se algo soa errado.

2. E porque hoje é sexta-feira

Para quem teve dificuldade em traduzir o Pierre, aqui vai um exemplo de uma reinvenção da mais espantafantastástica letra de Cole Porter:


Let's Do It 
Birds do it, bees do it
Even educated fleas do it
Let's do it, let's fall in love
In Spain, the best upper sets do it
Lithuanians and let's do it
Let's do it, let's fall in love
The dutch in old Amsterdam do it
Not to mention the fins
Folks in Siam do it, think of Siamese twins
Some Argentines, without means, do it
People say in Boston even beans do it
Let's do it, let's fall in love
Romantic sponges, they say, do it
Oysters down in oyster bay do it
Let's do it, let's fall in love
Cold cape cod clams, 'gainst their wish, do it
Even lazy jellyfish, do it
Let's do it, let's fall in love
Electric eels I might add do it
Though it shocks em I know
Why ask if shad do it, waiter bring me
"shad roe"
In shallow shoals english soles do it
Goldfish in the privacy of bowls
Façamos (Vamos Amar)
Os cidadãos no Japão fazem
Lá na China um bilhão fazem
Façamos, vamos amar
Os espanhóis, os lapões fazem
Lituanos e letões fazem
Façamos, vamos amar
Os alemães em Berlim fazem
E também lá em Bonn
Em Bombaim fazem
Os hindus acham bom
Nisseis, níqueis e sansseis fazem
Lá em São Francisco muitos gays fazem
Façamos, vamos amar
Os rouxinóis nos saraus fazem
Picantes pica-paus fazem
Façamos, vamos amar
Uirapurus no Pará fazem
Tico-ticos no fubá fazem
Façamos, vamos amar
Chinfrins, galinhas afim fazem
E jamais dizem não
Corujas sim fazem, sábias como elas são
Muitos perus todos nus fazem
Gaviões, pavões e urubus fazem
Façamos, vamos amar
Dourados no Solimões fazem
Camarões em Camarões fazem
Façamos, vamos amar
Piranhas só por fazer fazem
Namorados por prazer fazem
Façamos,

terça-feira, 17 de março de 2020

Exercício #12 e não stressem com os exercícios

A Mónica escreveu a perguntar se haveria problema em tardar na entrega dos exercícios. Neste momento, isso não é prioritário. Como repararam, há uma escalada na preocupação social e os exercícios só serão úteis se vos ajudarem a passar o tempo, não se nos stressarem. Como disse um grande filósofo, «É preciso ter calma, não dar o corpo pela alma».

Quem não o conhece pode ler aqui.

E o exercício #12 é simples:
sugerir uma playlist de livros para a quarentena. A ideia vem da Margarida Azevedo. Nota: entre 5 a 10 livros, e justifiquem o vosso critério, nem que seja para um par de livros.

Este exercício tem muitas versões: podia ser um plano de publicação para os próximos seis meses (mais realista: para 2022), podia ser escolha de temas (já sabemos que em 2021 vamos ter distopias com vírus, a juntar às muitas que já há), seleccionar numa livraria três livros que queremos levar para casa e/ou gostaríamos de ser nós a editar, etc.

No fundo é um exercício sobre uma das grandes qualidades de um editor: discernir. 


[E permitam-me esta partilha que é também um momento de vaidade. Como vos disse, no mundo da edição (e, sobretudo, da tradução), uma só pessoa pode fazer a diferença. Muitas vezes, é o tradutor que convence o editor a publicar um livro (ou seja: faz de agente) porque só o tradutor conhece a língua. Outras vezes, por falta de dinheiro ou gosto, o editor traduz. Etc. Aqui está, em primeiríssima mão mão (exclusivo mundial para esta turma) o esboço daquela que será a capa de um livro meu de 2010 em Bengala, Índia. Nota: embora os caracteres pareçam sânscrito, são tão distantes do sânscrito como o português do sueco. A ilustração, essa, é um desenho do Luís Louro de uma BD que fizemos em 2000] 


domingo, 15 de março de 2020

Por decisão do conselho de ministros

Até 9 de abril não há aulas presenciais - a medida será reavaliada nessa altura.

Exercício #11: como publicar um livro de teatro?

Um dos maiores berbicachos da edição em livro ou em suporte digital é este: como apresentar diálogos e didascálias?

Eu tenho a minha opinião mas, ao longo dos anos (gosto muito de ler teatro), tenho visto soluções melhores e piores.

Este desafio é simples: faça a sua investigação (em casa, se tem livros, ou online) sobre como são paginados os diálogos, diga de sua justiça e escolha/crie o que lhe parece melhor, sempre justificando porquê.   

Pistas para a investigação: nas Amazons e Wooks e Aldikos e Kindles deste mundo, muitas vezes mostram as primeiras páginas dos livros. No Kindle perguntam mesmo se queremos uma amostra (download a free sample). Etc. A informação está acessível, temos é de saber acedê-la. Isso também é um exercício. Há também muitos livros gratuitos em plataformas públicas.

P.S.) Já agora: fui lembrado de que, na sinalética para o 'sem efeito' quando riscámos algo sem querer, também se usa muito o 'Vale')

sexta-feira, 13 de março de 2020

Até Abril, estamos fechados para aula e exercício #10

A ordem é agora definitiva, pelo que na próxima quarta não haverá aula.

Proponho um exercício (chamemos-lhe #10, porque já fizemos para aí uns nove, pelo menos a maioria):
Comprem o jornal i ou o Sol, porque tem cronistas mais fraquitos, e escolha uma crónica ou uma notícia que considere pode ser melhorada.

Entrementes, uma observação em relação ao exercício da frase trivial: «UM CAFÉ, POR FAVOR.»
Para além de haver dezenas de formas de pedir um café - eu quero/eu queria, desejava, com por favor no princípio ou no fim, etc.) há também modificadores na pontuação, no gaguejar - «U-um c-c-café, p-por favor», no tom (susurrado, gritado, mavioso etc.), e no tipo de letra.
Ou no tamanho.
A lição é: há todo um universo de possibilidades até para a frase mais simples. Um conselho que um editor pode dar a um autor é, por exemplo: «Olhe, escreveu o teu livro na primeira pessoa. Não quer experimentar pôr na terceira, a ver como funciona?»
Ou: «O livro está no passado - e que tal ver se ficaria bem no Presente do Indicativo?»

Outras vezes, a ordem dos capítulos ou dos parágrafos melhora se for alterada.

Antigamente, era raro um romance ter uma prolepse - uma cena no futuro deslocada imediatamente para o início. Hoje, nos livros policiais, é banal: é um dispositivo que mostra, logo a abrir, que vai haver sexo e sangue.
Neste antigamente doirado (e parcialmente enganoso), o leitor era surpreendido lá para a página 150, após um crescendo lento. Mas hoje há que mostrar logo que o livro «não vai desiludir».

O mesmo nos trailers dos filmes: ainda hoje há uma diferença entre os filmes de autor europeus e os comerciais americanos: os europeus mantêm no trailer um ar de mistério (às vezes, quem frequenta o Nimas sabe-o, em demasia); os americanos não, quase mostram tudo - ficamos logo a saber quem vai ser o traidor.

É uma mudança no gosto, na atenção, no mercado, no leitor e no espectador.

quinta-feira, 12 de março de 2020

Aula de ontem e: Este blog passou a ser instrumento fundamental

1. Exercício do dia (se acertou, deixe um par de dias para os colegas responderem):
«UM CAÇADOR TINHA UM CÃO E A MÃE DO CAÇADOR ERA TAMBÉM O PAI DO CÃO.»
Consegue, apenas com um acrescento na pontuação, tornar esta frase surrealista numa fala razoável?

2. Balanço da aula de ontem e planos para breve: 
Usaremos também os outros meios de comunicação (rz@fcsh.unl.pt, tel. 916919331, etc.), mas sugiro que, diariamente, consultem este blog, tanto a ver se o docente postou algo novo como se os colegas apresentaram a sua resolução para um exercício ou publicaram um artigo de interesse.

Ontem, foram há aula alguns alunos (nomeadamente, a Luísa) e fizemos um pequeno ponto da situação, tendo a aula durado metade do normal e sido mais expositiva:

2.1. Apocalípticos e Integrados é o título de um grande livro de Umberto Eco, hoje fundamental no cânone das ciências humanas, nomeadamente comunicação, cultura e, sim, edição.

Tanto os «apocalípticos» como os «Integrados» representam dois modelos extremos de reacção às mudanças na cultura, na educação, na edição ao longo do século XX, o século de todas as revoluções tecnológicas, nomeadamente na cultura de massa e nos meios de comunicação de massa, vulgo mass media.

Jornais de grande tiragem, livros com temas vulgares e triviais, rádio, discos, cinema, TV, Internet etc.

Os apocalípticos choram a perda de qualidade com a democratização. Há mais alunos nas escolas mas a qualidade geral baixou. E também:

  • O essencial virou acessório com a invenção da rádio e do CD: em vez de estarmos focados a ouvir a orquestra, usamos Mozart como acessório enquanto estamos a fazer outras tarefas. É um crime lesa-Arte! 
  • A qualidade dos livros baixou, graças a um afluxo de piores leitores, mais ignorantes. O nº 1 na tabela agora é a autobiografia de Cláudio Ramos (intitulada, mui justamente, Eu) em vez de ser Os Passos em Volta de Herberto Hélder, ou uma qualquer obra-prima. 
  • As montras das livrarias são para maus livros, sendo os bons expulsos do templo. Os vendilhões expulsaram os livros-Jesus do Templo!
  • A avaliação da qualidade é nivelada por baixo. 
  • Os analfabetos fazem descaradamente crítica literária: «Saramago não presta!», diz um ignaro;
  • ou, pior ainda, os maus escritores ganham o Nobel: «Saramago não sabe escrever!», dizem muitos membros da elite portuguesa.   
  • A cultura deixou de ser desfrutada e passou a ser consumida. Já não há leitores, só consumidores. 
  • As redes sociais tornaram-se um esgoto a céu aberto, onde as pessoas só praticam ódio e consultam pornografia.
  • Etc. 
Os integrados acham tudo excelente. Só melhorou:

  • Essencial e acessório são decisões individuais. Temos de confiar na inteligência das pessoas.
  • Mais gente tem enfim acesso à Cultura. Já não é preciso ir a Londres ou à Gulbenkian para ouvir uma grande orquestra. Por apenas cinco euros tenho os maiores génios a tocarem para mim.
  • Ler um mau livro é melhor que não ler livro algum. Um mau produto pode levar (elevar) à leitura um dia de um bom produto, pois aguça a curiosidade.
  • O nível geral baixou, mas por uma boa razão: finalmente os filhos dos pobres entram nas escolas. Milagres não se fazem num dia, mas isso é essencialmente bom. Há mais gente a comprar livros que nunca. 
  • É maravilhoso como o neto de uma analfabeta (ver o discurso de aceitação de Saramago em Estocolmo) pode ganhar o Nobel da Literatura. 
  • O discurso de aceitação de Saramago está disponível online, bem como a mais alta literatura dos últimos séculos, quase toda downoaldável gratuitamente!
  • Ser consumidor já não é mau. O consumo de cultura é bom, mesmo que titubeante. 
  • As redes sociais são essencialmente boas - é bom que as pessoas se exprimam, opinem, assim se treina o gosto. 
  • Etc. 

Como vemos, são extremos simétricos. Na verdade, de Sancho Pança e Dom Quixote todos temos um pouco. Ter os olhos no céu mas os pés na terra.

E fazer dinheiro é o primeiro dever de uma empresa - ser solvente. O segundo, sim, é ter boas práticas. Mas uma empresa insolvente não faz nada.

Tradicionalmente, os belos discursos vêm de quem tem outras fontes de rendimento.

2.2. A raposa e a cegonha, a princesa e a ervilha
Lembrámos dois contos exemplares. o da princesa é a definição mesma de um bom profissional: a um bom mecânico basta ouvir o motor do carro para saber qual é o problema, quase sempre. Ou pelo menos suspeitar.
O da raposa e da cegonha desmascara os falsos moralistas: aqueles que, gostando só de fazer montanha, dizem que é imoral ir à praia. Há editores que precisam de fazer dinheiro (ou passam fome) e outros que, sendo ricos, dizem alarvidades como «Eu nunca me venderia!».

2.3. Os próximos dias

  • Não posso dizer sequer se há aula na próxima quarta. Por mim sim, mas vamos ver como o cenário evolui. 
  • Vamos presumir que não. Assim, as aulas serão sobretudo aqui - não a uma hora fixa, mas antes a informação afixada, e cada um lê quando quer, ou se quiser. 
  • A cada um consoante as suas necessidades. Respondo individualmente aos alunos ou aos grupos. Nem todos são de edição (esta cadeira não é central, é acessória, e também está bem), nem todos têm os mesmos interesses.
  • Aos meus alunos chineses: a vossa prioridade, para mim, continua a ser o exercício da língua. Comunicação oral e escrita. Leitura, audição de canções, karaoke etc. Há muitos métodos. Só com um excelente domínio da língua podem usufruir do resto. Não se isolem!
  • Façam pequenos grupos de trabalho. Podem ser dois, três, quatro, mas apliquem o princípio do escritor e seu editor/revisor/leitor/consultor. 
  • Tentem encontrar um projecto que queiram como final: um capítulo de livro, com um autor e um editor. 
  • E façam os exercícios e comuniquem comigo sempre que quiserem. Se não responder em 24h, voltem a lembrar-me. Regra: a parte interessada é que deve insistir. É uma das tarefas mais correntes em editoras e jornais.   








terça-feira, 10 de março de 2020

Está tudo a evoluir muito depressa

Meus caros, as vossas dúvidas são as minhas. O post anterior foi ontem, esta terça o cenário está em mudança. A Universidade Clássica cancelou as aulas, a nossa ainda não - pelo menos, para mim ainda não está claro.

Eu, o vosso docente para esta cadeira, irei lá. Tenho de ir, vi demasiados filmes onde o capitão vai ao fundo com o navio. E (agora mais a sério) tenho de, no meio das precauções legítimas e do justo receio, de estabelecer um plano de trabalho, tanto individual como colectivo.

Mas vocês não se sintam obrigados. Nas próximas horas, até pode haver cancelamento oficial. Não sei. Às 23h04 de terça 10 de Março não há cancelamento obrigatório das aulas. Apenas recomendado um plano de contingência.

Acho que podemos diminuir os danos e até tirar benefícios-surpresa. Eu terei até de trabalhar mais: tutoria individual.

Gostava que formassem grupos. Que tal, decididamente, avançarmos para um projecto colectivo que será um livro?

Grupos de dois, pelo menos. Pegando num tema de edição - à sorte e/ou por escolha, tipo quem chega primeiro escolhe, quem se atrasa fica com os restos - e fazendo um capítulo sobre esse assunto.

Será um projecto de investigação. Em pares: com um autor e um editor.

Que depois trocam de papéis, noutro artigo. Um piloto e um navegador.


Temas, tipo: 
  • O novo marketing
  • Cenários de futuro
  •  O editing
  • Como vender livros na era das TVs
  • O papel do editor hoje
  • Criando uma agência literária
  • A edição online - como lucrar com ela?
  • Criando uma editora
  • A educação do gosto: que livros escolher?
  • Impossibilidade/necessidade da tradução
  • Como destruir uma editora
  • 24h na vida de uma editora

etc.


segunda-feira, 9 de março de 2020

Esta quarta HÁ aula

Nas Correntes foi falso alarme. Felizmente, a ser investigado - acho eu.

Estamos numa época conturbada. Eu, pelo menos, ando distraído. Mas vamos fazer o melhor que pudermos.

O caso Hachette/Woody Allen

Sugiro que sigam a Publishers Weekly - https://twitter.com/PublishersWkly - no Twitter. Dali, obtêm ligações para outras páginas e editores que queiram seguir. É um bom instrumento para estarmos atentos às tendências do mercado norte-americano, ainda o motor e Tiranossaurus Rex da edição mundial.
Um português bom de seguir, já foi alcunhado pela Time de 'Borges do Twitter', é o generosíssimo  José Afonso Furtado - https://twitter.com/jafurtado - um dos grandes estudiosos de edição em Portugal, eu diria que o mais erudito. O homem é uma máquina (um bibliotecário hiper-activo) a passar informação.

E, aqui, o caso da censura à publicação de um livro de Woody Allen. Eu disse censura? Outros dizem justa decisão, após um protesto de pessoal da Hachette, que recebeu solidariedade de gente em outras editoras norte-americanas.

O que vocês acham? É uma boa ou uma má decisão?







quinta-feira, 5 de março de 2020

De Pierre a Tomás

Com base nas traduções de poesia que temos visto nas últimas aulas pensei que talvez fosse interessante partilhar uma tradução que fiz durante a minha licenciatura: Pierre: A Cautionary Tale in Five Chapters and a Prologue. Pierre é um conto para crianças escrito por Maurice Sendak, podem ouvir o original aqui. A tradução que apresentei na altura foi a seguinte:

Prólogo 

Era uma vez um rapaz 
Chamado Tomás 
Que dizia apenas 
“Tanto me faz!” 
Lê a sua história, 
Meu amigo, 
E descobrirás 
Que, no seu fim, 
Uma boa moral 
Encontrarás. 

Capítulo 1 

Um dia 
A sua mãe disse, 
Quando Tomás  
Saiu da cama,  
“Bom dia, 
Querido rapaz, 
És o único  
Que me apraz.” 
Tomás disse, 
“Tanto me faz!” 

“O que queres  
Tu comer?” 
“Tanto me faz!” 
“Podes ter tudo 
O que te apetecer.” 
“Tanto me faz!” 
“Não te sentes 
Para trás.” 
“Tanto me faz!” 
“Não deites xarope 
No cabelo, Tomás!” 
“Tanto me faz!” 

“Estás a portar-te 
Como um louco.” 
“Tanto me faz!” 
“Temos que sair 
Daqui a pouco.” 
“Tanto me faz!” 
“Não queres vir, 
Meu amor?” 
“Tanto me faz!” 
“Preferes ficar 
Enrolado no cobertor?” 
“Tanto me faz!” 
Então a sua mãe 
Deixou-o além. 

Capítulo 2 

O seu pai disse-lhe, 
“Tira a cabeça 
Dessa cadeira 
Ou penduro-te 
Na chapeleira.”  
Tomás disse, 
“Tanto me faz!” 
“Pensava que 
Conseguias ver…” 
“Tanto me faz!” 
“Que tens a cabeça 
Onde os pés devias ter!” 
“Tanto me faz!” 

“Se continuas  
Virado ao contrário..” 
“Tanto me faz!” 
“Não recebes prendas 
No teu aniversário.” 
“Tanto me faz!” 
“Quem me dera 
Que pudesses entender.” 
“Tanto me faz!” 
“Não gosto nada 
De me aborrecer.” 
“Tanto me faz!” 

Então os seus pais 
Deixaram-no ficar. 
E não o levaram 
A brincar. 

Capítulo 3 

Agora, enquanto  
A noite vinha, 
Um leão esfomeado 
Apareceu na cozinha. 
E perguntou a Tomás,  
Sem o conhecer, 
Se gostaria de morrer. 
Tomás disse-lhe, 
“Tanto me faz!” 

“Não vês que te 
Posso comer?” 
“Tanto me faz!” 
“E que dentro de mim 
Te irás contorcer?” 
“Tanto me faz!” 
“E nunca mais  
Terás que te preocupar…” 
“Tanto me faz!” 
“Com um pai ou uma mãe 
Para te chatear.” 
“Tanto me faz!” 

“É só isso que 
Tens a dizer?” 
“Tanto me faz!” 
“Então, se não te importas, 
Vou-te comer.” 
“Tanto me faz!” 

E então o leão 
Comeu Tomás. 

Capítulo 4 

Ao chegar a casa 
Ao fim da tarde, 
Os seus pais foram tomados 
Por uma grande ansiedade! 
Encontraram o leão 
Doente na cama, 
Que chorava e gritava 
Que Tomás morto estava. 

Puxaram o leão 
Pelo cabelo 
E com uma cadeira 
Bateram-lhe no pelo. 
A sua mãe perguntou, 
“Onde está Tomás?” 
O leão respondeu, 
“Tanto me faz!” 
O seu pai disse, 
“Dentro dele está Tomás!” 


Capítulo 5 

Levaram para a cidade 
O malvado leão. 
E o médico deu-lhe 
Um  grande abanão. 
E quando o leão abriu 
A sua enorme boca, 
Tomás no chão caiu. 
Esfregou os olhos 
E a sua cabeça coçou 
E riu-se
Porque desta se safou. 
A sua mãe chorou, 
E abraçou-o bem perto. 
O seu pai perguntou, 
“Estás bem, certo?” 
Tomás disse, “Estou bem, tenho que admitir, 
Levem-me para casa, 
Está na hora de dormir.” 
O leão disse,  
“Se te satisfaz 
Sobe as minhas costas 
E senta-te, rapaz.” 
Olharam todos  
Para Tomás 
Que gritou, 
“Sim, satisfaz!” 

O leão levou-os até casa, 
Tão animado, 
E ficou com eles 
Como convidado. 


Hoje talvez fizesse a tradução de forma diferente mas, tal como a poesia, contos infantis podem apresentar muitas dificuldades ao tentar manter a rima e o sentido. Caso queiram, e tenham algum tempo, achei que este pudesse ser um bom ponto de partida para treinarem também as vossas revisões e traduções.

- Ana Lopes

Aula 2 - visita de estudo: um lançamento

 Obrigado por terem vindo ao lançamento com entusiasmo. Terão reparado que havia uma sala em baixo, depois fiquei lá a conversar com um par ...